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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Drogas e normalidade na atualidade

O tempo segue correndo e me abandonando, assim não tenho como manter o ritmo e a qualidade das postagens, além de não conseguir cumprir promessas como as postagens com os maravilhosos países criados pelos alunos do terceiro...

Nos últimos dias encontrei duas coisas que me fizeram pensar sobre a forma com que nossa sociedade impõe uma normalidade "feliz" e usa as drogas para isso (especialmente as legalizadas e "medicinais", é bom que se diga...).
A primeira foi essa tirinha do absurdamente sensacional Rafael Sica.


E a outra, que achei no Curto e Grosso, foi essa animação sobre como seria se o Calvin existisse na vida real. Tristemente verdadeiro.



Ainda para pensar nessa relação normalidade x imposição de felicidade x uso de drogas fica a recomendação do ótimo filme "Requiém para um sonho" do Darren Aronofsky.
Além, é claro do obrigatório "Admirável mundo novo" de Aldous Huxley.

domingo, 19 de outubro de 2008

Pacote de salvação dos bancos e ingenuidades

Eu sei que se deixássemos os bancos quebrarem, todos sofreríamos demais, a miséria provavelmente aumentaria etc...
Mas, não consigo me conformar que de uma hora para outra surgiram trilhões, repito amigos, trilhões de dólares para salvar bancos que simplesmente quebraram por estimular e viver numa ciranda financeira irracional e que não trouxe maiores melhorias de vida para o grosso da população mundial.

Vale dizer que não acredito em cálculos simplistas que algumas ongs e até a ONU às vezes soltam sobre quanto seria necessário para acabar com a fome no mundo. Porém, como pode tamanha agilidade num caso e morosidade no outro? É esse o centro da indagação do texto do Neto, que achei no blog do Tas e reproduzo abaixo, e de certa forma é também o assunto da tira do ótimo Dhamer.


Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado? É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.
A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em
Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se
sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o
problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em
nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Especulação e mercado

Charge sampleada do Blog do Crédito

Da série: Especulação financeira e estouro da boiada. Entendeu ou quer que eu desenhe?


terça-feira, 7 de outubro de 2008

Mais sobre "Ensaio sobre a cegueira"


O Uirá, companheiro de trincheira na batalha por uma vida menos ordinária, me arrumou essa crítica do filme "Ensaio sobre a cegueira", feita pelo ótimo Contardo Calligaris.

O que mais me chamou atenção no texto é o questionamento que ele faz: "Você, se, por uma misteriosa epidemia, o mundo ficar cego, se o reino da lei acabar e começar a idade da luta pela sobrevivência, de que lado estará? Do lado dos que inventarão novas formas de abusos ou dos que descobrirão novas formas de respeito e de vida comum? Uma vez perdida a visão, o que você enxergará no seu vizinho: mais uma mulher para estuprar e um otário para explorar ou um irmão, perdido que nem você?" Eu ainda acrescentaria outro na lista dos questionamentos importantes que o filme/livro sucita: se por um determinado momento ninguém pudesse ver o que você faz, como você reagiria? Com escolhas que consideram o bem estar alheio ou com desprezo aos outros frente a impossibilidade de punição ou julgamento externo?

O mais importante de tudo isso não é nem o grau de honestidade que você tem/pode ter ao responder essas questões. Mas sim, como você reage ao mundo que enxerga...

Por exemplo, quando escolhe sua profissão leva em consideração alguma forma de luta por uma vida menos ordinária, ou só se preocupa mesmo com o quanto de dinheiro e sucesso pode arrecadar?

Vale lembrar que o desprezo pelo outro que você eventualmente sente é o mesmo que os integrantes da ala 3 sentem, ou o ladrão que quer seu carro/tênis/dinheiro... É por isso que vale repetir a pergunta:

De que lado você samba?

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Sobre homens, baratas e filmes imperdíveis...

Fui ver Ensaio sobre a Cegueira. Para quem já leu o livro o filme perde um pouco o impacto, mas não deixa de ser maravilhosamente perturbador. Assistam, ou se prefirirem, leiam o livro.

Vi numa entrevista que algum amigo do Fernando Meirelles ao ver o filme comentou a imensa semelhança que temos com as baratas. Como elas, somos capazes de nos adaptar a novas realidades quase que alheios a toda escalada de barbárie que vivemos. Ao ver a entrevista, lembrei do Kakfa (aproveitem queridos essa é preciosa: "A Metamorfose" do Kafka, na íntegra aqui.) e de seu Gregor Samsa que ao negar a virtude suprema de nossa sociedade capitalista-produtiva e recusar-se a trabalhar vira uma barata!

Lembrei também daquele vídeo do youtube, que eu reposto abaixo, em que o Meirelles mostra o filme para o Saramago pela primeira vez (aqui para a história contada pelo Meirelles desse episódio) e que eu me emociono toda vez que eu vejo... e morro de inveja dos dois...



Depois do filme, pensei que a luta por uma vida menos ordinária é árdua, ingrata às vezes, mas que por mais que as situações mudem, uma coisa não muda: as pessoas do bem não tem outra coisa a fazer a não ser resistir e lutar.
Morro de medo de "ficar cego" e ver a emboscada em que estamos metidos. Mas sei, sem falsa modéstia, que independente do mundo que vejo (procuro sempre ver coisas melhores para me dar ânimo), sambo do lado de gente como o Meirelles e o Saramago na luta por uma vida menos ordinária... E você, samba do lado de quem? Em que ala ficaria? Que sacrifícios está disposto(a) a fazer por um mundo melhor?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sobre a inutilidade de diplomas



Ter um diploma escolar normalmente significa mais conhecimento adquirido/construído e, portanto, mais poder e capacidade de ação. Mas não é necessariamente assim. Achei o texto que reproduzo abaixo n'O escriba, e acho que serve para ilustrar a necessidade de ultrapassarmos a necessidade de nos impormos por nossos títulos e usá-los para construir uma vida menos ordinária...

QUANDO SE TEM DOUTORADO:
O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus officinarum, (Linneu, 1758) isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e restasretilíneas, configurando pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto, que ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzindo nos órgãos especiais existentes na Apis mellifera.(Linneu, 1758) No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena capacidade de deformação que lhe é peculiar.

QUANDO SE TEM MESTRADO:
A sacarose extraída da cana de açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino, apresentando- se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.

QUANDO SE TEM GRADUAÇÃO:
O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e, apresentando- se em blocos sólidos de pequenas dimensões e forma tronco-piramidal, tem sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão.

QUANDO SE TEM ENSINO MÉDIO:
Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de forma quando pressionado.

QUANDO SE TEM ENSINO FUNDAMENTAL:
Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.

QUANDO NÃO SE TEM ESTUDO:
Rapadura é doce, mas não é mole não!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Curso de escutatória

Dica do Uirá, companheiro de trincheira na luta por uma vida menos ordinária...

Autor desconhecido (por mim, pelo menos)

"Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. ... Escutar é complicado e sutil, diz Alberto Caeiro (heterônimo de Fernando Pessoa) para quem "não é o bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. . . É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro:

-Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...



Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.
Na nossa civilização, se eu falar logo e logo a seguir fico em silêncio, são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio, na verdade deve querer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto."

Confesso que sou um dos muitos que precisa aprender a ouvir...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Mais sobre preconceito, mais Seminários de Sociologia



Esse vídeo foi escolhido pelo grupo da Mari Pesciota, da Isabela Bataglini, da Carol Forcinitti e da Bia. É uma peça publicitária curtinha sobre preconceito no futebol. Faz mais sentido para países de língua inglesa, mas dá para pensarmos sobre os termos usados para reafirmar negativamente as diferenças de cor entre os indivíduos da raça humana.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Para refletir a questão do preconceito

A pedido da Isabela Rosa, da Ana Luisa e da Adriana, posto esses vídeos que elas usarão como base para a discussão sobre preconceito que faremos nessa quinta como parte da série de seminários de sociologia.

Esse primeiro vídeo é uma peça publicitária da Anistia Internacional veiculada em Portugal. Reparem que depois de "mandar o preto embora", ele diz "aproveita e leva os brasileiros..." e mais uns outros que eu não consegui entender. Incrível como a mesma língua pode ser tão diferente...

O segundo vídeo é uma reportagem do Fantástico sobre preconceito contra gays. A reportagem apresenta números bastante otimistas (e na minha opinião irreais) sobre a tolerância com o homossexualismo no Brasil. Uma coisa é dizer que aceita e tal, outra é aceitar de verdade...



O terceiro vídeo é uma reportagem da CUT sobre preconceito contra a mulher, principalmente no mercado de trabalho.



Esse último vídeo parece ser um trabalho de escola (da Unisa, com propaganda indireta e tudo) sobre preconceito. A edição é bem boa, e os depoimentos são bacanas. Mas o que eu mais gostei foi da sra. que entrevistada explica para os entrevistadores o que é a lei Afonso Arinos, que proíbe a discriminação racial no Brasil. Eu acho que ela faz uma certa confusão de datas, mas o importante é perceber que ela diz que quando foi discriminada não podia fazer nada, pois não havia legislação para punir o racismo. E depois dizem que antes a vida era melhor... A questão é: melhor para quem?



Já que as meninas me fizeram postar um trabalho da Unisa, no post abaixo eu deixo para vocês as duas partes de um trabalho que a Júlia, a Isabela Ferreti (ambas hoje no 3º ano) a Bianca e a Fabiana Kassabian fizeram para Sociologia no ano passado. É simplesmente sensacional e o melhor trabalho de vídeo que eu já recebi/vi. A edição é maravilhosa, mas a abordagem e as entrevistas (principalmente com a "DuCarmo") são muito boas!! Abaixo eu explico melhor.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Clima seco, poluição e a dúvida por hábito

Um dos meus maiores sonhos como professor é fazer com que os alunos adquiram o mais saudável dos hábitos humanos: a dúvida. Receber informações sem duvidar delas é abrir mão do que nos diferencia dos outros seres vivos: a capacidade de raciocinar, inferir, imaginar...

Nos últimos dias, a mídia tem abordado a questão do clima seco que lota os hospitais e incomoda um bocado de gente. Como bem observou o panóptico, absolutamente ninguém faz referência à relação entre clima seco e poluição, todos seguem (ainda sampleando o panóptico) a missa da toalha molhada.

Para uma abordagem mais profunda do tema e para estimular nossas dúvidas, reproduzo abaixo o referido post (original aqui).

"A missa da toalha molhada
Por panoptico.wordpress.com

Você vai dormir e parece que tem um gato peludo preso na garganta - e pior, querendo sair? Seu filho sofre com mais uma crise respiratória? O seu nariz sangrou esta tarde? Metade do pessoal do escritório não para de coçar os olhos?
É difícil ter a dimensão dos problemas numa cidade gigante e variada. Pois a imprensa está aí para isso, para dimensionar e noticiar em massa o que é de interesse público.
Os hospitais estão lotados de crianças que não conseguem respirar? A imprensa está sempre atenta e, claro, vai investigar, aprofundar, trazer o debate à tona.



É hora de discutir o clima insuportável? Claro. E o que vemos? A santa missa. Antigamente rezada anualmente, atualmente rezada trimestralmente, a pregação é fácil de decorar: “deixe uma bacia de água na sala, uma toalha úmida no quarto”.
É isso em todos, todos os meios de comunicação. Em todos os jornais, no maior do Brasil, no com mais classificados, no “mais antigo da cidade”, no “a serviço do Brasil”. Em todas as redes de televisão, na com maior audiência, na do bispo, na do baú.



Nas redações, o texto da toalha molhada deve ficar num arquivo chamado “modelo clima seco”, mas o G1 foi além e fez um especial, que como vemos acima, é uma jóia do jornalismo de e para a classe média motorizada: “No trânsito, não tem jeito. Se há poluição, é melhor fechar os vidros e ligar o ar-condicionado. A fumaça de carros e caminhões parados no trânsito causa mais irritações nas vias aéreas do que o ar-condicionado”
É o milagre da construção textual que isenta o leitor de culpa. Você está no trânsito poluindo e acabando com sua própria respiração, sente irritação, e qual é a recomendação do portal da Rede Globo: fechar os vidros e ligar o ar-condicionado. O ar público está ruim? Liga o ar-condicionado particular! É a privatização do oxigênio.

A Folha de S. Paulo também subiu um degrau na mesma escada. Dia desses, junto à tradicional reportagem “XY de umidade. Pendure toalha úmida” havia a foto de três surfistas à beira-mar e o texto recomendava a ida ao litoral, onde a umidade é maior. Beleza pura! Todo mundo para Santos (quer dizer, a Folha recomendava Guarujá)!
Será que a umidade depende exclusivamente das chuvas?
Será que foi sempre assim? Quando a cidade tinha ampla cobertura vegetal não chovia 30 dias as pessoas não conseguiam dormir? Quando o transporte motorizado individual não dominava todo o espaço público os narizes das crianças sangravam?
Será que o clima seco tem a ver com a poluição? Será que no interior de São Paulo e Centro-Oeste do país tem a ver com as queimadas das plantações do aclamado combustível “limpo”?
Nada disso é sequer mencionado. Afinal, para que serve um repórter? Para dizer que faz tantos dias que não chove? A cidade há semanas com um clima intolerável e quem trata do assunto na mídia? A garota do tempo!
As pediatrias com filas para inalação e a prefeitura faz o quê? Convoca os secretários para pensar num plano emergencial? Propõe restrições à emissão de poluentes? Não, ou omite-se - o site do Centro de gerenciamento de emergências de São Paulo, por exemplo, apenas informa a previsão do tempo. Ou faz coro com as recomendações médicas: pendurar toalha úmida na porta da sala.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Insustentável

No mês do meio ambiente e da Conferência Domus Ambientiae, realizada na semana passada no colégio inicio uma série de posts (alguns como esse já publicados no TKGEO) sobre nossa relação com o meio ambiente e sobre a própria conferência. Aliás para quem quiser um aperitivo sugiro o blog Folha Domus, aberto pelo grupo responsável pela cobertura midiática do evento.


O 3º milênio se inicia conforme anunciado: colocando a humanidade contra a parede. Não dá mais para tentar se enganar e fazer como personagem suicida do imperdível “O ódio” de Mathieu Kassovitz. Na abertura do filme, um coquetel molotov cai lentamente sobre a Terra, enquanto o narrador diz mais ou menos assim: “Essa é história de um homem que se jogou do 50º andar de um prédio e a cada andar que ele passava repetia: Até aqui tudo vai bem, até aqui tudo vai bem, até aqui tudo vai bem... O problema não é a queda, mas a aterrisagem”. O chão está perigosamente perto e talvez já nem haja mais tempo de abrirmos o pára-quedas. A situação simplesmente não se sustenta. Não há como continuarmos retirando recursos naturais na velocidade que o fazemos, e retribuirmos para o meio ambiente bilhões, eu repito bilhões de toneladas de lixo por ano.
E não devemos nos enganar, para mudarmos isso é necessário diminuirmos a quantidade do que consumimos, a velocidade com que consumimos, a qualidade do que consumimos e a forma com que consumimos. Consumir menos coisas. Trocar menos coisas, fazendo-as durar mais. Consumir coisas que façam menos mal a nós mesmos e aos outros seres vivos. Consumir de forma mais igualitária as coisas, afinal se produz em quantidade suficiente para que todos vivam decentemente. Só isso e tudo isso junto é que pode permitir a existência da humanidade por mais alguns séculos. É lamentavelmente irônico que podemos ser a primeira espécie a se auto-extinguir. Logo nós que nos orgulhamos tantos de sermos racionais, pensarmos e planejarmos nossa vidas.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Campeonato Mundial de Cretinices - 1ª Fase

O "Campeonato Mundial de cretinices registradas no youtube" começa com um dos favoritos ao título.
O protagonista do vídeo deve ser um adolescente ávido de mostrar sua força e sua inteligência para seus amigos.
É sabido que o excesso de testosterona prejudica a capacidade intelectual do indivíduo.
Reparem como fica a perna do sujeito após dar uma bela lição num muro que ousou bloquear seu caminho...

obs: se você conhece outros candidatos, deixe o link nos comentários que após uma triagem ele pode vir a concorrer ao disputado título...

Campeonato Mundial de Cretinices - 1ª Fase

Aqui temos mais um favorito a chegar pelo menos até a semi-final de nosso campeonato.
Como disse Dan no curtoegrosso.com, para a realização dessa estupidez é necessário um alinhamento cósmico de idiotas: um que leva uma espingarda calibre 12 carregada e destravada para o escritório; e outro que meio sem pensar (óbvio) aperta o gatilho...
pena que o áudio não pega direito...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Marcas humanas

Sampleado da Uol e do TKGEO.

As imagens abaixo, divulgadas pela Agência Espacial Européia mostram cinturão de lixo espacial orbitando em volta da Terra. Desde 1957, os humanos já lançaram 6 mil satélites. Hoje há cerca de apenas 800 em atividade, ou uns 15% do total.



Esse lixo, como todas as coisas não-tripuladas por humanos e lançadas no espaço não foram planejadas para voltar e por isso viram lixo.
Vale lembrar que a cachorra Laika foi o primeiro mamífero a entrar (e morrer) na órbita terrestre. Em nenhum momento cogitou-se em sua missão arcar com os custos da volta do equipamento e muito menos a manutenção da vida da cachorra. O que se debateu foi como ela deveria morrer de forma a sofrer menos.
Se, o traço de uma cultura é a prova de sua existência e da ocupação e demarcação de um espaço, podemos dizer com tranquilidade que o homem já foi há Marte e lá demarcou seu território, com robôs que por lá ficaram.





Qualquer semelhança com cocô de cachorro no meio da rua não é mera coincidência.

obs de Thiago Koutzii: imagine o trabalho que dá lançar um foguete, para que não bata nesse lixo espacial!

domingo, 6 de abril de 2008

Sobre a superioridade masculina


O vídeo acima é do que foi, talvez, a pior briga de torcidas em estádio no Brasil. Um palmeirense envolvido no conflito acabou morto. De lá pra cá, as torcidas organizadas e suas belas festas (não é ironia, são belas mesmo) passaram a ser cerceadas em SP e hoje não pode praticamente nada, de bateria a fumaça, passando por bandeiras e fogos de artifício.
O que chama atenção é que esses atos absurdamente estúpidos são cometidos por homens ávidos de provar sua macheza. O que querem provar esses machões além de sua estupidez?

Briga de torcidas no Futsal


Em mais uma prova irrefutável de nossa ignorância, torcedores de Palmeiras e Corinthians estragaram um jogo de Futsal. Eu fico me perguntando como um sujeito pode ser tão energúmeno (ao dicionário, srs, ao dicionário) a ponto de brigar com outro sujeito porque ele torce para outro time. O legal do futebol são os outros times! Se não houvesse Palmeiras, Corinthians, Boca, Milan etc. como o Maior de Todos seria o Maior de Todos?
E o que é pior duvido que esses marginais não tenham parentes e grandes amigos que torcem para outro time! Ou seja, ele bate num desconhecido, mas uma pessoa querida por ele apanha de outro desconhecido... Triste retrato de nossa capacidade de sermos imbecis.