Legal que seja um cara negro e tal, mas acreditar que muitas mudanças vem por aí, não sei não, me lembra de duas perguntas que são, há qualquer hora, muitos pertinentes: 1. "Há quem serve essa idéia?" (B Brecht) 2. "Do que riem tanto essas pessoas? Seria de nós?" (Anônimo)
Em sala de aula vimos que uma das características básicas do capitalismo é a desigualdade social. A diferença de bens entre as pessoas se apóia na noção de propridade privada. Para que uns tenham mais que outros é necessário que haja o direito de ter, ou seja, o direito de possuir uma propriedade privada.
A propriedade privada, por sua vez permite uma série de relações que são tipicamente capitalistas. Uma das mais importantes é a relação entre Capital e Trabalho. De forma bem simplista podemos dizer que os donos do capital (os burgueses) arriscam seu patrimônio, ou parte dele, em empreendimentos (empresas) que visam aumentar seu capital. Só que para conseguir seu objetivo (ficar mais ricos) os burgueses precisam que suas empresas produzam riquezas para a sociedade, que paga por elas. Para isso contratam trabalhadores que fabricando mercadorias ou prestando serviços produzem riqueza. A riqueza produzida por esses trabalhadores, no entanto, não fica com eles, mas com os donos da empresa. Em troca de suas horas de trabalho os trabalhadores recebem um salário que é necessariamente menor que a quantidade de riqueza produzida por eles mesmos, sob a pena do capitalista falir, ou não ter renda. Se ele paga tudo o que os trabalhadores produzem não sobra nada para ele. A tirinha abaixo, com um tom meio socialista explica bem a relação.
Vale lembrar que em tese os capitalistas arriscam seu patrimônio e se o empreendimento der errado eles perdem seus investimentos. Isso é básico no capitalismo que defende a concorrência e a meritocracia (os melhores vencem e merecem mais coisas por isso). Mas, não é o que vem acontecendo com as grandes instituições financeiras na atual crise econômica...
Obs de sempre: clique na imagem que dá pra ver melhor.
Vimos que a nossa sociedade industrial vive procurando novas formas de aumentar a produtividade do trabalho a fim de produzir mais riqueza, num tempo menor e com menores custos. O fordismo e o toyotismo trouxeram inovações técnicas que possibilitaram grandes ganhos de produtividade, aumentando inclusive a exploração do trabalho, uma vez que a massa salarial nunca aumentou na mesma proporção que esses ganhos em produtividade.
Pois bem, atualmente as empresas mais antenadas com esses avanços da cadeia produtiva tem percebido que um ambiente de trabalho acolhedor, uma boa assistência médica, salários minimamente decentes e até gastos com o lazer do funcionário são, antes de mais nada, investimentos em produtividade. Trabalhadores sadios e bem alimentados faltam menos; um local de trabalho bacana faz com que as horas-extras não sejam motivo de tanta reclamação, e principalmente, empregado que "veste a camisa" da empresa traz muito mais lucros para a mesma! É pensando assim que a Google organiza seus escritórios que contam com fliperama, Wii, e um monte de outros "atrativos". O vídeo abaixo é uma espécie de classificado para quem quer trabalhar na empresa. Reparem que a oferta de emprego é vendida como uma oportunidade, sobretudo de se divertir...
Tudo muito bom, tudo muito bem, mas não esquecemos que isso é feito para que os trabalhadores deem ainda mais lucro para a empresa produzindo ainda mais riqueza. Ou seja, não se deixe enganar pela propaganda. É trabalho, não férias. Tem que produzir, e bem mais do que o salário senão a Baia volta a ficar vaga...